Respeito à infância e seu tempo de aprendizagem.

                  Respeito à infância e seu tempo de aprendizagem. 

            Não à aceleração, sim ao cumprimento das das leis maiores, que por motivos de normatização, fixam o corte etário de 4 e 5 anos completos como idade pré-escolar e 6 anos (completos após 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula) como data base de ingresso no ensino fundamental. A regulamentação do corte etário foi um passo importante conquistado em 2018, no intuito de padronizar em todos os entes federados as idades de acesso às etapas da educação básica. 

          A pressa é de quem? O interesse é de quem? A educação infantil é muito jovem ainda e a todo momento atacada, solapada e alvo de polêmicas que a denigre e a desmerece. 

         Estar na creche não é o mesmo que estar na escola, dizem alguns. Além desse pensamento ser dominante até os dias de hoje, os governantes, sem o mínimo preparo e conhecimento, ao invés de fomentar, financiar e qualificar a encara como a vilã do sistema educacional público. O governo federal querendo privatizar, porque manter crianças de 0 a 3 anos é muito caro para os cofres públicos, o governo estadual querendo antecipar a escolarização - como compensação na falta de alunos - e por isso, o Ministério Público teve que intervir para fazer prevalecer o que reza a LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL de 9.394/96 e a Resolução 05/2009, bem como o parecer 20/2009. 

      Nesse sentindo, o que dizer de um País que não conhece e REconhece a infância com suas formas de aprender? Que a considera prejuízo e visa dar o dinheiro público para a iniciativa privada ao invés de investir em uma política permanente de repasse e financiamentos? 

         As escolas de educação infantil públicas ainda não têm bibliotecas, salas de informática, repasses suficientes para compra de materiais de suporte pedagógico, etc. A grande maioria dos prédios são inadequados e muitas obras do PROINFANCIA estão paradas em todo País. Preocupem-se mais em dar condições adequadas para os profissionais e para as crianças da Educação Infantil ao invés de quererem meter goela abaixo nas crianças uma escolarização antecipada. Não será passando elas para a etapa seguinte que resolveremos defasagens de aprendizagem, essa é mais uma maneira de culpar as crianças e os professores pela ingerência da educação pública. Com os desmonte do Ministério da Educação e com a extinção da Coordenadoria de Educação Infantil no âmbito Federal nos sentimos órfãos de alguém que pense e que defenda a criança e seu direito de ser e estar em uma escola que valoriza a infância. Respeitemos o tempo das crianças serem crianças. Fortaleçamos o professor de bebês, crianças bem pequenas e pequenas para que sejam promotores de uma abordagem educativa adequada à primeira etapa da educação básica. 

FPEIC, fevereiro de 2020.

Texto escrito pela Professora Graciela Salgado




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Relações éticas e afetivas na Educação Infantil em tempos de pandemia.